Estampas
É impossível pensar na moda sem elas. As estampas nos acompanham desde as primeiras civilizações. Os fenícios foram o primeiro povo a criar peças de roupa estampadas, seguidos de perto pelos egípcios e romanos. Mas engana-se quem pensa que as padronagens sempre foram democráticas como são hoje.
As estampas ao longo do tempo
Na antiguidade era impossível criar estampas em massa, cada padrão era aplicado à mão sobre o tecido com carimbos de madeira rudimentar, o que tornava o processo muito customizado. O processo era lento e muito caro, por isso naquela época o uso de peças estampadas era um claro sinal de prestígio social e riqueza. Somente os membros da aristocracia tinham acesso a esse tipo de arte.
Os séculos passaram e as técnicas industriais possibilitaram uma massificação das padronagens, a invenção de cilindros de impressão, no séc. XVII, trouxeram inúmeras novidades para a estamparia. Pela primeira vez era possível estampar pedaços inteiros de tecido, e então popularizar o uso da técnica.
Nos anos 1960, com o surgimento da moda jovem, a estamparia entrou de vez no portfólio da moda ocidental. Padrões geométricos grandes, monocromáticos ou coloridos, listras, poás e até mesmo estampas psicodélicas foram responsáveis pela popularização do visual.
As estampas que amamos
A estamparia nos acompanha desde as mais remotas civilizações, a escolha de um desenho padrão para adornar os tecidos era um sinal distintivo na sociedade, muitas vezes indicavam o tamanho da influência e da riqueza de uma pessoa. A seguir entramos em detalhes sobre a história de cada tipo de estampa.
Floral
Retratar a natureza é uma das principais necessidades humanas. Na pré-história os elementos da fauna e da flora figuravam paredes e cavernas. As estampas florais nos acompanham desde esse período, sendo praticamente uma unanimidade na estamparia até o séc XVIII. Na Índia, China e Japão, os tecidos adornados com o desenho de flores eram tão valiosos que faziam parte da herança das famílias.
No século XIX o comerciante britânico Artur Liberty decidiu estampar suas peças de seda com flores muito pequenas, e de cores suaves. O sucesso foi tanto que a estampa criada por ele recebeu o seu nome. O floral Liberty começou a ser usado em vestidos longos estampados burgueses e aristocráticos em toda a sociedade europeia.
Com o movimento Art Nouveu, as flores recebem novo fôlego na moda. Esse movimento artístico pregava uma arte inspirada nos elementos naturais e logo as estampas de flores se juntaram às folhagens, estampas animais, sobretudo de insetos, como as libélulas, que até hoje influenciam a moda.
Xadrez
As estampas xadrez têm a sua origem em diversos povos. Cada padronagem tem uma origem diferente. Os mais coloridos têm a sua origem na cidade indiana de Madras, e são muito usados no verão e em tecidos leves. Já os padrões mais pesados, associados ao inverno, muitas vezes têm a sua origem no Tartã Escocês, tipo de tecido xadrez que distinguia a origem familiar de cada guerreiro. Já o padrão mais delicado, colorido sobre um fundo branco, que lembra as toalhas de piquenique tem origem francesa, na cidade de Vichy, por isso foi batizado com o nome da cidade. Esse tipo de xadrez ficou famoso graças à atriz francesa Brigite Bardot, que usou um vestido com a estampa no dia do seu casamento.
Estampas Étnicas
Muito mais recentes na moda ocidental, as estampas étnicas rebem esse nome em função a apropriação feita com padronagens tradicionais de povos orientais, africanos e ameríndios. O uso desses padrões normalmente é associado com tendências que remetem ao folk e ao safári. Elas ficaram muito populares nos anos 1970 e 1980, com a cultura hippie, que procurava resgatar valores ligados à liberdade, à vida simples e ao misticismo oriental.
Animal Print
Estampas que imitam a pele animal começaram a se popularizar no início do século XX, quando o filme Tarzan foi exibido pela primeira vez no cinema. Antes disso, obter peças com padronagens típicas de tigres e leopardos era uma exclusividade para membros da aristocracia que tinham acesso à comercialização da pele desses animais.
Em 1930, com a estreia do filme, a moda viveu uma verdadeira febre pelas estampas de leopardo. A novidade, que era produzida industrialmente pela primeira vez, virou um sinônimo de elegância na década seguinte, quando grandes Maisons francesas começaram a usar a estampa em vestidos, acessórios como echarpes e lenços e camisas.
Depois do leopardo, a estampa animal viveu várias fases, cada uma exaltando um bicho diferentes: estampas de cobra, tigre, zebra, crocodilo e onça caíram no gosto popular e se revezam até hoje no papel de estampa da vez.
Listras
Hoje consideradas quase um básico da moda, as listras são a estampa com a história mais polêmica a moda. Os primeiros registros do uso de roupas listradas não são nada lisonjeiros e datam da idade média. No período em que a igreja tinha a maior parte da influência sobre a vida das pessoas, as listras eram consideradas uma estampa ligada às forças malignas e ao demônio. Geralmente eram usadas por bobos da corte, prostitutas e outros marginalizados.
Com o renascimento, vemos uma nova significação para as listras. As verticais passaram a ser usadas com exclusividade pela aristocracia, enquanto os servos só eram autorizados a usar listras horizontais. Marinheiros e presidiários foram as figuras que popularizaram a imagem das listras horizontais contrastantes, e povoam o imaginário até hoje.
As listras só ganharam um novo status quando a rainha Vitória vestiu seu filho com roupas de marinheiro, tornando o traje um sinônimo de moda infantil. As mulheres só passaram a usar a estampa quando Coco Chanel resolveu copiar a camisa bretã, tipicamente usada por marinheiros franceses, para a sua coleção de moda praia na década de 1920.
Estampa Militar
Como as listras, a estampa militar passou a entrar no guarda-roupa feminino copiada dos uniformes masculinos. O camuflado típico das roupas de inspiração militar começou a ser usado por soldados americanos na Guerra do Vietnã como uma forma de se tornarem imperceptíveis nas florestas. Com o fim do conflito, muitos veteranos venderam as suas jaquetas em brechós, popularizando o estilo.